segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

mormaço

Ele a observava deitado de bruços. Olhar interessado, como quem assiste ao programa favorito na TV. Eles não falavam, mas seus pensamentos eram audíveis pelas pupilas.
Ela estalava os dedos. Olhava o céu. Intimava as nuvens.
Ele apenas observava.
Ela não sorri. Ele, quase.
Faz muito calor. Suor e uma garrafinha de água compartilhada.
O tempo parou, como o ar que parecia não circular naquela tarde de terça feira.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Play

Não consegui sair de dentro de mim. Um ônibus, uma caminhada, uma pausa na trilha. O outro lado da cidade e eu, sempre eu, dentro de um caminho seguro até então. Play.
Na passagem, pessoas me olham. Ora aflitas, ora felizes, ora decepcionadas. Ora nem olham. Elas andam de acordo com meu ritmo musical. Cada um tem seu ritmo, e eu tenho todos os ritmos em um fone.
A cidade me sacode com seu calor úmido. Eu me entrego ao som e `as lembranças. Lembro-me da primeira vez que cheguei aqui. Não tinha trilha sonora, mas tinha muito sol. Lembro-me da cidade qua muitas vezes não foi afetuosa, como a música que estava ouvindo. 
A gente dança de acordo com essa música de dentro, e quando tem uma melancolia externa, essa música de dentro reverbera mais dentro ainda, em algum
espaço que ela ainda não tinha descoberto.
Na volta pra casa, as músicas acabaram. Eu continuei dançando a música do mundo. Do meu mundo. Ainda tem música dentro e fora de mim.